O mundo nunca esteve tão pequeno. Turistas comuns têm conseguido chegar a praticamente qualquer canto do planeta, com transportes cada vez mais ousados e acessíveis – inclusive financeiramente. Ainda assim, quando alguém descobre que você conhece, por exemplo, Tallinn, a capital da Estônia, o espanto é inevitável. “Eu nem sei apontar no mapa onde fica isso, quanto mais chegar lá”, é o que mais falam. Pois é, realmente, não apenas Tallinn, mas a Escandinávia de forma geral, região da qual o país faz parte, continua dentro de um nicho de destinos considerados exóticos. Eles parecem, num primeiro momento, longe e caros demais.
De fato, circular pela Escandinávia, por lugares como Finlândia, Suécia e Dinamarca, com direito até a um pulo na Rússia, não é tão simples quanto viajar de carro ou trem entre Itália, França e Espanha. O motivo principal é que há o oceano Báltico literalmente no meio desses países – e dar a volta nele significa enfrentar milhares de quilômetros. Entretanto, isso não é mais motivo para descartar um tour pela Escandinávia numa mesma viagem.
Mas como fazer isso? Com os cruzeiros, claro.
Quem viaja por conta pode/deve encarar os transatlânticos mundo afora como melhores amigos. Além de ser uma das mais prazerosas formas de fazer turismo, eles eliminam várias “etapas” de um viajante que planeja a própria aventura. Não é preciso se preocupar, entre outras coisas, com transporte entre as cidades (ou países) e, obviamente, hospedagem (sem dúvida uma das partes mais trabalhosas na hora do planejamento).
Há também muitos outros bônus, como refeições incluídas, normalmente bebidas à vontade e uma infinidade de atrações, como shows, cassinos, festas e baladas. E o melhor, os preços estão cada vez mais convidativos, saindo mais barato, por exemplo, do que gastos em hotéis, locomoção e alimentação.
Talvez a maior desvantagem de fazer um cruzeiro em vez de uma viagem comum é o tempo que se tem para explorar o local – quase sempre, um dia, que nem é completo. Por outro lado, muitos preferem conhecer as atrações principais de vários destinos em vez de explorar cada detalhe de uma mesma cidade. Algo que vai do gosto – e do tempo – de cada um.
Para nós, um cruzeiro de nove noites foi a forma escolhida para passar um dia incrível em Tallinn, explorando seu centro medieval, e acordar em outras cidades tão interessantes quanto na Escandinávia. No caso, Copenhagen (Dinamarca), Helsinque (Finlândia), Estocolmo (Suécia), além de São Petersburgo (Rússia) e uma parada em Rostock (Alemanha). Já fizemos outros cruzeiros (como Alasca, Ilhas Gregas e Turquia, como vocês verão a seguir) e todos foram excepcionais.
A prática está tão comum que há inúmeras opções de datas e companhias para explorar a região no verão europeu, como Royal Caribbean, Celebrity, Princess Cruises e Holland America Line. Nós escolhemos a Norwegian porque, além do roteiro e do preço agradar, a parada em São Petersburgo era de dois dias – extremamente necessários para uma cidade tão rica culturalmente – e tinha dias de navegação bem estratégicos (como o último antes do desembarque), o que ajuda muito a aguentar uma viagem longa. E também a saída era Copenhagen, o que nos permitiu ficar quatro dias na cidade.
Cada parada deste cruzeiro, com detalhes do que fazer nos destinos, pensando justamente neste curto período de tempo que se passa por lá, tem seu próprio artigo, e você pode conferi-los aqui.
A ideia deste texto é explicar porque, sempre que pretendemos fazer uma viagem longa, vasculhamos as ofertas das principais companhias de cruzeiros para tentar encaixar um no meio. Algo que muitos torcem o nariz por “não gostar de cruzeiro”, talvez por não ter tido uma experiência muito agradável, inclusive no Brasil.
Esqueça isso e tente mudar de ideia. O principal motivo já foi explicado: facilita conhecer lugares de difícil acesso (ou caros) por meio de transportes comuns, como trem, carro e avião. Duvida? Aqui vai mais um bom exemplo.
O Alasca é um dos lugares mais belos que já visitamos, repleto de geleiras, fiordes, natureza selvagem (e inúmeras outras delícias, devidamente explicadas aqui), mas passagens de avião para lá e, principalmente, entre as muitas cidadezinhas que compõem a chamada “última fronteira”, custam o olho do cara.
Os aeroportos (quando existem) são minúsculos, com poucas opções de companhias e horários, e de verdade, dão um medo danado (só de ver aqueles aviõezinhos decolando, dá um frio na barriga). Sem contar que as principais cidades do Alasca, inclusive a charmosa capital Juneau, são bem pequenas, o que torna um dia de exploração mais do que suficiente para conhecê-la bem. E o interessante do Alasca é a variedade das belezas, tanto que as paradas são muito diferentes entre si, oferecendo passeios bastante variados, desde trem, barco, voo de helicóptero por uma geleira e até a maior tirolesa do mundo. Sim, ela está no Alasca, em Icy Strait Point, e é incrível.
Ou seja, um cruzeiro é a melhor forma de explorar o Estado norte-americano mais isolado. O mais bacana é que você pode pegá-lo tanto em Seattle, no Estado de Washington, nos Estados Unidos, quanto na opção que escolhemos pela Royal Caribbean, na belíssima Vancouver, no Canadá. Existem tanto cruzeiros que começam e terminam por essas cidades (facilitando principalmente a compra dos trechos aéreos, já que são regiões grandes e muito bem abastecidas pelas principais companhias aéreas) quanto aqueles que começam por elas e terminam em Seward, cidade próxima a Anchorage, a maior do Alasca. Sem dúvida, a segunda opção é a superindicada, pois acrescenta mais um dia aos cruzeiros, permitindo ao viajante passear por Anchorage ou até mesmo iniciar uma nova jornada mais ao norte do Estado.
O início
Outro motivo extremamente importante e muito levado em consideração por nós na hora de fazer um cruzeiro é o valor das hospedagens nos destinos que queremos visitar. Percebemos isso quando decidimos fazer nosso primeiro cruzeiro internacional, que mesclava Ilhas Gregas e Turquia. Conhecer a Grécia sempre foi um grande sonho, mas não queríamos nos limitar à capital Atenas. As ilhas deste importante país estão no imaginário das pessoas há muito tempo, por suas águas cristalinas e belezas paradisíacas. Portanto, incluir as mais famosas no roteiro, Mykonos e Santorini, era fundamental para nós.
Foi então que começaram as barreiras financeiras. Se é caro ir para as Ilhas Gregas (os voos funcionam basicamente como os do Alasca), imagine ficar lá alguns dias. Tanto Mykonos quanto Santorini são destinos que pedem um investimento a mais na acomodação (mesmo exemplo de Capri, na Itália). Não são o tipo de lugar que se fica num hostel e depois “desce” para a praia (claro que é possível, mas pode decepcionar). O hotel, as vistas e os serviços oferecidos são parte fundamental da viagem nesses casos, mas há custos para isso. E na hora de montar a viagem à Grécia, isso ficou muito claro, o que nos fez buscar outras alternativas.
Foi quando nos deparamos com os preços dos cruzeiros da Pullmantur de sete noites pelas Ilhas Gregas, incluindo ainda três paradas excepcionais na Turquia (que merecem grande destaque), e não restaram dúvidas: conheceríamos as ilhas desta forma. Em junho, uma média de R$ 2,5 mil por pessoa, com tudo incluído (sim, bebidas à vontade), para uma cabine interna. Quem pegar o início da temporada de cruzeiros na Europa (abril e começo de maio), consegue valores ainda mais convidativos, com cabines internas por impressionantes R$ 1,6 mil (sem taxas) e externas por R$ 1,9 mil. A exemplo de São Petersburgo, há cruzeiros pelas Ilhas Gregas com pernoite em Mykonos, dando dois dias neste paraíso aos viajantes. E, bom, nem é preciso dizer que a experiência foi tão marcante que abriu a nossa temporada de caça aos grandes navios.
Quer saber o que é mais engraçado? Quando conseguimos encaixar um no roteiro, além de normalmente ser o ponto alto da viagem, assim que o cruzeiro chega ao fim, o tempo todo a gente para e pensa: “bem que podia ter mais um dia, né?” ou “quando é o próximo dia de navegação para podermos relaxar o dia inteiro?”. É tão difícil deixar o luxo, o lazer, a acomodação e a diversão desses gigantes hotéis marítimos para trás que basta colocar os pés em terra firme para a cabeça começa a trabalhar na próxima aventura.
Austrália, Patagônia, Nova Zelândia, Disney, Caribe, Croácia, Noruega, Islândia, Havaí, Riviera Mexicana, Bermudas, opções de cruzeiro não faltam, nem companhias para ver o que mais lhe agrada. Nós já testamos quatro (recapitulando, Norwegian, Royal Caribbean, Pullmantur e agora Celebrity), e todas atenderam as expectativas. O melhor – e porque estamos falando disso: você pode fazer tudo por conta. Pode parecer complicado reservar um cruzeiro, mas não é. E você ainda pode usar agências de turismo a seu favor nesses casos.
Pagamentos
O cruzeiro da Pullmantur pelas Ilhas Gregas foi fechado com a CVC depois de escolhermos exatamente qual a gente queria pelo site. Mostramos exatamente o queríamos – inclusive já tínhamos selecionado até a cabine e o deck de preferência –, o valor que estava, e fechamos por lá por um motivo muito bom: parcelar o pagamento em 10 vezes.
O mesmo esquema funcionou com o cruzeiro do Alasca pela Royal Caribbean, mas com algumas diferenças. Mais do que apenas comprar o cruzeiro, é imprescindível que você tenha acesso à sua reserva pelo site para organizar os dias da viagem. Isso porque, diferentemente de muitos cruzeiros, em que os destinos onde o navio atraca oferecem milhões de opções para fazer ali, por conta, no Alasca é fundamental reservar passeios (seja com o navio ou com agências locais), porque tudo que é interessante fica longe e é de difícil acesso. E você não vai querer perder a oportunidade de ver baleias em alto-mar, navegar pelos fiordes, observar águias carecas, andar em trenós puxados por huskies, pegar um helicóptero e caminhar por uma geleira, entre outras coisas.
Já com a Norwegian, o esquema é diferente. Fechando pelo site americano, indiferentemente do mês que você pretenda comprar, existe uma data limite (normalmente um mês antes do embarque) para quitar o pagamento do cruzeiro. Isso quer dizer que você paga pelo cartão de crédito da forma que quiser, desde que até a data limite estabelecida para aquele cruzeiro tudo esteja quitado. Ou seja, se você comprar bem antes da data de embarque, pode dar uma entrada e pagar tudo de uma vez, três, quatro meses depois. Ou pagar pequenas quantidades por mês, conforme vai tendo grana. Enfim, fica a critério do cliente. É tudo bem simples.
O mais interessante é que, com o passar dos anos, as companhias estão se adaptando melhor ao estilo do brasileiro. Tanto que ao fechar com a Celebrity, direto pelo site, depois de vascular todas as opções que eles oferecem, foi possível parcelar diretamente no cartão. Eles cobram uma entrada de 20% do valor total e o resto você pode parcelar sem juros em suaves prestações. Nós fizemos em cinco por exemplo, e tudo correu muito bem.
Portanto, basta escolher onde quer conhecer e o que cabe no seu bolso. E cuidado para não se apaixonar pela prática como a gente 😊
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Sou fã número um de cruzeiros e com certeza na próxima viagem vou aproveitar bastante as dicas do Viaje por Conta!
Muito obrigado, Rogéria. Ficamos felizes que tenha gostado. E o que precisar, é só falar 🙂
Belo artigo. Sou fã de cruzeiros, e um dia também gostaria de fazer um no Alasca. Belo artigo.
Obrigado, Nuno. O cruzeiro do Alasca é fenomenal. Caso se interesse, temos matérias individuais de todos as paradas aqui no site. Abraços
Bom dia. Parabéns pelo site, é realmente muito bom. Como estamos (meu esposo e eu) prestes a fazer o cruzeiro pelo mar Báltico de nove dias (iniciamos em Copenhagen) que você mencionou no início, procuro por dicas para tal viagem e ao clicar no local indicado para ver as indicações de cada um dos países que passaremos, não consegui abrir página alguma. Poderia me indicar onde encontro as dicas para esta viagem de cruzeiro(Dinamarca, Alemanha, Estônia, Finlândia, Rússia e Suécia)? Obrigada.
Oi Simone, que legal que vai fazer esse cruzeiro. É realmente fantástico. Ainda não conseguimos publicar os roteiros nas cidades, infelizmente. Mas em breve eles estarão disponíveis. Estamos emendando diversas viagens, então tudo está bem corrido.