Duas mil pessoas vivem na bucólica Skagway, a cidade mais encantadora do roteiro pelo Alasca. E esse número representa os moradores no Verão, na temporada de cruzeiros, pois a partir de outubro, apenas 800 corajosos enfrentam o pesado Skagway inverno do Alasca, que vai até final de março. A vila tem duas ruas, mas o clima que o turista encontra lá é o melhor possível. Isso, graças ao passado de Skagway, que viveu e respira até hoje os tempos da corrida do ouro.
Trata-se de um capítulo importante da história dos Estados Unidos, tanto que a corrida do ouro, conhecida como Klondike, virou até uma série de ficção do Discovery estrelada por Richard Madden (o Robb Stark de Game of Thrones) e produzida por Ridley Scott (Alien). Com essa informação, o passeio imperdível na cidade é o famoso tour no trem panorâmico que passa pela região, o White Pass & Yukon Route. São 176 km de paisagens cenográficas, que se transformam a cada curva, literalmente. Os belos cenários vão de geleiras derretendo, rios cristalinos e montanhas, até pontes que parecem ter saído de filmes do velho oeste, cachoeiras e muito verde.
Sério, algumas pontes geram dúvidas de como ainda estão em funcionamento, de tão surreais que parecem, mas o trem circula diariamente por ali no verão, então confie, porque eles sabem o que fazem. O fato é que o cenário é único e nunca vimos nada sequer parecido nessas andanças mundo afora. Montanhas nevadas e trens circulando por elas são comuns e maravilhosas – a Suíça que o diga –, mas o clima é diferente por aqui, talvez por trazer algo meio desértico e isolado no meio de uma natureza quase intocada. Enfim, imperdível e sem dúvida a mais grata surpresa desta viagem, após o voo de helicóptero pela geleira.
Puppies
Skagway, como dito, é a cidade mais encantadora que conhecemos no Alasca e as atividades por lá são inúmeras. É aqui por exemplo que se concentram diversos praticantes de mushing, prática de transporte em trenó puxado por cães para competições. Eles criam e treinam huskies na cidade e é possível não só conhecer o local, como ter uma experiência num desses trenós (desde que você esteja disposto a pagar muito por isso).
Funciona assim, há passeios que incluem uma visita aos locais onde ficam os cães (principalmente os filhotes) e outros que te levam até geleiras (eles precisam de neve, claro, para os cachorros puxarem o trenó).
Quando decidimos ir ao Alasca, tudo o que a gente lia a respeito falava que andar de trenó era um passeio imperdível. O problema é que para chegar nas geleiras (com tempo, claro, já que estamos falando de uma parada de um dia, então não dá para perder horas em trilha), só de helicóptero, fora o valor da atividade com os
mushers. Isso significa, em preços atualizados, ter que desembolsar cerca de R$ 1.7 mil por pessoa para ter o prazer de andar de trenó. O passeio, entre o voo, explicações e a atividade com os cães, dura duas horas. Se cabe no seu bolso, se jogue. Não coube no nosso.
Por isso, decidimos incluir no nosso tour de trem, uma opção de parada em um dos recintos dos mushers, chamada Goldrush Sled Dogs & White Pass Train Adventure. No nosso caso, passamos por lá no início do passeio, e adianto que não é nada demais.
Assistimos um vídeo sobre a prática, um musher explica como funciona, nos mostra os filhotes (eles são muito fofos e pode, desde que seja rápido, pegar e tirar foto). E, para fechar, o cara dá uma volta num trenó, numa área sem neve, claro, e pronto, fim do passeio.
Não vale a pena por um motivo: incluindo a visita aos filhotes, o turista terá que subir parte da White Pass & Yukon Route de ônibus (ele corta caminho, então vai mais rápido), e pegar o trem para fazer o caminho de volta. Descobrimos, depois, que o trem é mais bacana e vale fazer a rota toda. Esse passeio que fizemos custa atualmente R$ 600 e dura 5 horas e meia.
PS 1: A fronteira entre o C anadá e Estados Unidos é cruzada mais de uma vez pelo trem, portanto, é obrigatório levar o passaporte. Se esquecê-lo no navio, nem embarcar no trem você vai conseguir sem o documento.
PS 2: Na volta, viste o Red Onion Saloon, bar construído em 1897 que preserva desde então a época áurea da cidade. Escolha uma mesa ou se aconchegue no bar e seja atendido por belas donzelas com os típicos trajes de meretrizes do século 19. Afinal, o local era o mais concorrido bordel na época da Corrida do Ouro. A música também segue a mesma linha, com músicos tão vestidos quanto as atendentes. É um barato.
*Todos os valores são referentes a maio/2017
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Autores: Fábio Trindade e Tiago Stachetti