Foz do Iguaçu é uma cidade e tanto. Não pelo tamanho, pois tem apenas cerca de 260 mil habitantes e uma área de perímetro urbano de 61 mil km quadrados. Para efeito de comparação, Campinas, interior de São Paulo, tem mais de 1 milhão de moradores em 238 mil km quadrados. Sua grandiosidade é outra. Afinal, que município pode dizer que tem duas maravilhas mundiais? Pois é, Foz pode.
As Cataratas do Iguaçu receberam oficialmente o título de uma das Novas Sete Maravilhas da Natureza em 2012, título alcançado após quatro anos de campanha e uma eleição global. Um reconhecimento dividido entre o Brasil e a Argentina, assim como as próprias Cataratas.
A condecoração da Usina Hidrelétrica de Itaipu é mais antiga: ela foi listada pela Associação Americana de Engenheiros Civis como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, em pesquisa publicada pela revista americana Popular Mechanics, em 1995. Dessa vez, um feito dividido com o Paraguai.
Maravilhas que, curiosamente, “moram” em um mesmo destino. No fim das contas, é inusitado pensar que uma nasceu por engenhosas mãos humanas enquanto a outra veio pela graça divina, digamos assim. Bom, o importante nessa história é entender que visitar esses patrimônios é obrigatório, algo que, pelo menos os gringos, já descobriram. Foz é o segundo destino de turistas estrangeiros no País, atrás apenas do Rio de Janeiro. Curioso, não?
Vamos pensar, porém, que as duas atrações já foram exploradas em uma viagem. Chegou a hora de “ticar” o destino e partir para outro? Depende. Os lugares foram conhecidos de todos os ângulos, como, por exemplo, de cima? Se a resposta for não, esquece. É preciso voltar para Foz do Iguaçu. E sim, você leu certo. O questionamento era sobre uma visita aérea.
A cidade cercada pelos rios Iguaçu e Paraná, que se unem a sudoeste do município formando a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, é um local perfeito para os amantes de esportes – inclusive os radicais. Além de belezas inigualáveis, são muitos os passeios voltados para aqueles que adoram uma aventura – e também para os que topam experimentar novas sensações. A gente embarcou nessa jornada nada tradicional de Foz do Iguaçu e garante: vale a pena. Portanto, reserve uns dias a mais para aproveitar realmente tudo que a cidade oferece.
Dia cheio
O Parque Nacional do Iguaçu, além do cenário impressionante com o cânion e as 275 quedas d’água das Cataratas do Iguaçu, contempla as principais atrações de aventura da cidade. O ideal é deixar um dia para conhecer o show das águas e outro apenas para os esportes. Alguns, como a Trilha do Poço Preto, podem durar até quatro horas. Esse, porém, é melhor para encerrar o dia.
Comece o passeio pendurado em uma corda a 55 metros de altura, o equivalente a um prédio de 18 andares, tendo as Cataratas ao fundo. O objetivo, certamente, é descer. Qualquer um pode fazer esse rapel, é simples e fácil, por mais estranho que isso possa parecer.
Tanto que o treinamento é feito ali na plataforma mesmo e dura, digamos, dois minutos. Tudo depende de você, que controla – segurando e soltando a corda – a velocidade que quer descer. Vamos dizer, entretanto, que o desespero bate e a corda escapa de suas mãos. Não se preocupe. Obviamente, o seu controle não é exclusivo e há um instrutor no final da corda pronto para te soltar ou parar. Tanto que nos metros finais ele pede para abrir os braços e curtir a última descida. Uma oportunidade para contemplar as cataratas de um ângulo privilegiado.
Não acabou
Ao finalizar o rapel, há duas opções: subir os mesmos 55 metros por uma escada ou se aventurar pelas corredeiras do rio que está ali na sua frente. Escolha a segunda. Quem já fez rafting em outros lugares, como em Brotas, com rios estreitos, deve esquecer tudo o que aprendeu. Em Foz, o desafio é outro. A luta nas águas é contra a correnteza e grandes ondas, e não pedras e quedas. Tudo, claro, com muita segurança. Movimentos como “frente”, “ré” e principalmente “piso” – o momento de se jogar para dentro do bote – serão bem treinados antes de seguir caminho.
Um barco auxiliar acompanha o bote caso alguém caia no rio. Algo que provavelmente não vai acontecer. O treinamento é mais assustador que a prática em si, por isso, se jogue na aventura. O fim do rafting é no embarque do famoso passeio Macuco, aquele barco que leva os turistas para tomar um banho nas Cataratas. Aproveite, porque é o passeio mais importante da região.
Sim, você pode levar uma capa de chuva sem problemas, porque realmente é impossível não sair completamente encharcado do Macuco. Portanto, também deixe os pertences no armário, porque a chance do seu celular ir para o fundo do rio é enorme.
E a aventura ainda não acabou. Depois do Macuco, há ainda um arvorismo no Parque com altura média de 8m.
É preciso ter fôlego
A última parada é na Trilha do Poço Preto. No verão, o ideal é pegar o passeio das 16h – o último do dia, quando a temperatura está mais amena. E você tem a possibilidade de apreciar um belo pôr do sol no fim da aventura. Já no inverno, encaixe a aventura dentro da sua programação no parque, lembrando que o sol se põe bem mais cedo e, conforme cai a noite, o frio aumenta.
O passeio começa com um safari ecológico. Depois de 300m de caminhada alcançamos a trilha que os índios da região usavam para contornar as Cataratas do Iguaçu. São 9 km – isso mesmo – que podem ser percorridos a pé, de carro elétrico (fuja, peloamordedeus) e, a melhor opção, de bicicleta. Sempre com um guia pronto para explicar sobre a fauna e flora da região, o passeio é imperdível – e exclusivo, já que os grupos são sempre pequenos – normalmente de 2 a 4 pessoas.
Há subidas e descidas, obviamente, mas caso o cansaço pese muito, é extremamente comum parar para descansar um pouco. Mas não é nada muito difícil para quem está levemente acostumado a andar de bike (ou, sejamos realistas, fazer aula de spinning na academia). A pequena viagem pelo interior da floresta termina numa passarela suspensa de 320 metros com uma vista panorâmica espetacular.
O passeio, porém, está longe de acabar. Pegamos um barco a motor pelo alto do rio, passando pelo Arquipélago das Taquaras, e no fim, ainda há opção de remar em botes infláveis por 2 km. No passeio das 16h, ao chegar nos caiaques, não há como escapar de um pôr do sol magnífico. Então não tem como não experimentar esses caiaques. Confissão: remar não é fácil, mas dá para pegar o jeito bem rápido.
Está achando pouco? Pois o melhor ainda está por vir: saltar de paraquedas sobre a Usina de Itaipu, talvez a melhor experiência da vida até agora. Por isso, vem conferir como é se jogar de um avião para uma queda livre de 250km/h.
Autor: Fábio Trindade