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Vale a pena fazer o Ilhatur, o passeio mais tradicional de Fernando de Noronha?

Uma das formas mais fáceis de conhecer Noronha, e também a mais procurada, é com o Ilhatur, passeio que dá um panorama de tudo o que há para fazer no arquipélago. Com o custo em média de R$ 165, basicamente se trata de um motorista que coloca um grupo de pessoas dentro de um carro ou buggy e vai circulando por todos os pontos de Noronha, com paradas estratégicas para mergulho, como na Baía do Sancho (eleita em 2017, pela terceira vez, a praia mais bonita do mundo) e na Baía do Sueste.

Baía do Sancho, a praia mais bonita do mundo, é uma das paradas do Ilhatur
Baía do Sueste, a praia preferida para fazer snorkel em Noronha, também é um dos pontos do Ilhatur
Praia do Leão, uma das mais afastadas do arquipélago, só é vista no Ilhatur por cima

Em outros lugares, entretanto, é literalmente só para dar uma olhadinha, como na belíssima Praia do Leão. Ela fica no fim de uma estrada bem afastada (que começa na Baía do Sueste). O carro chega até um determinado ponto no alto de um morro onde há um belíssimo mirante. Para colocar os pés na praia, é preciso descer todo o morro por uma trilha (fácil e relativamente rápida) e curtir esse que é um dos lugares mais encantadores de Noronha. Mas isso só para quem for por conta própria, pois com o Ilhatur o turista só vai até o mirante mesmo. É o tempo de tirar umas fotos e cair de volta na estrada.

É importante dizer isso porque, apesar de ser o principal passeio do arquipélago, o Ilhatur só é recomendado para quem ficará pouco tempo em Noronha. Com mais de quatro dias no destino, o ideal é alugar um buggy e visitar as atrações com mais calma, no ritmo que mais lhe convier. A diária do carro mais comum é de cerca de R$ 250 e cabem até quatro pessoas.

É comum o turista sem pressa voltar à Praia do Leão após fazer o Ilhatur

Já se o tempo é curto, então sim, embarque no Ilhatur porque você verá muita coisa. Prepare-se apenas para ficar com vontade de aproveitar melhor alguns lugares, mas ainda assim é melhor do que sequer passar perto. O Ilhatur também serve para quem está indo pela primeira vez ao arquipélago, mesmo que por vários dias, porém não sabe nada sobre a região. Neste caso, o Ilhatur vai te apresentar muito bem Noronha e você volta, com mais tempo, para o que mais te chamou a atenção. Essa é uma estratégia que muitos adotam e funciona muita bem.

Porém, para quem vai no Réveillon, saiba que tudo muda. As diárias de um buggy podem chegar a R$ 600 e com um mínimo de dias (muitos lugares não alugam por menos de cinco dias). E os carros esgotam, por isso reserve antes com a sua pousada. Só não se esqueça que Noronha tem a gasolina mais cara do Brasil, entre R$ 6 e R$ 7 o litro. Quem prefere economizar, vai de táxi ou mesmo de ônibus. Nem que você fique o dia atravessando Noronha de uma praia para outra você vai gastar R$ 600 por dia de táxi (as corridas ficam em média R$ 15, chegando no máximo a R$ 50 reais.

E como o arquipélago é pequeno, vários lugares são muito bem acessados pelo ônibus. Noronha tem a menor rodovia federal do Brasil: são só 7km. E há dois ônibus que a percorrem diariamente, até tarde da noite. Eles saem a cada meia-hora, cada um de uma ponta da estrada – o Sueste de um lado e o Porto de Santo Antônio do outro. Custa R$ 5 o trecho. Só não estranhe se você for o único a pagar a passagem, porque moradores podem transitar por eles de graça. A questão é que não há muito controle, então vira uma várzea e muitos turistas espertinhos entram pela porta de trás do ônibus.

Sueste

Tartarugas são facilmente encontradas durante o mergulho no Sueste

Se não dá para aproveitar a Praia do Leão com o Ilhatur, a situação é bem diferente na Baía do Sueste. O turista fica em média uma hora nela, um dos melhores lugares para fazer snorkel, com uma enorme diversidade de peixes e corais, e a formação das montanhas à sua volta faz com que a praia não tenha ondas. O uso de colete salva-vidas é obrigatório para não agredir o meio ambiente (o aluguel custa R$ 7).

É no Sueste também que o projeto Tamar, duas vezes por semana, faz palestras sobre as tartarugas, já que a baía é um dos principais redutos de alimentação delas. Os integrantes da iniciativa retiram alguns animais da água para acompanhar a marcação, medir, pesar, ver ferimentos, entre outras coisas, e explicam mais sobre elas. Dependendo da época do ano há desova no local.

Profissionais do Projeto Tamar controlam as tartarugas na Baía do Sueste e dão palestra na praia aos turistas
E quando você vai fazer snorkel, as tartarugas passam embaixo de você (quando não é do lado mesmo)
Tubarão-lixa bem no raso, no Sueste. Turistas adoram tirar fotos dos bichinhos

E como aqui também é o local do Mar de Fora em que as águas são mais calmas, e cheio de comida, não se assuste se um tubarão-lixa com cerca de dois metros (eles chegam a quatro) passar embaixo de você enquanto curte o mergulho de snorkel. Eles estão ali para se alimentar e não é de carne humana. Acredite que seja normal e siga em frente. Um deles passou pela gente e seguiu caminho. Ufa.

Não dá para negar que assusta, claro, mas apenas até conversar com os locais para saber que esse tipo de coisa acontece literalmente toda hora. As pessoas, aliás, estão ali para isso, ver a vida marinha e as belezas naturais. Repare por exemplo, nas piscininhas formadas no rasinho, com água pra baixo do joelho. Muitos filhotes de tubarão com uns 30 cm de comprimento ficam ali. Vimos uns sete ou oito. Uma graça.

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Teaser de Fernando de Noronha

 

Autores: Fábio Trindade e Tiago Stachetti

Fábio Trindade

Jornalista e viajante profissional @fatrindade

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