O status de “paraíso”, comumente atribuído a Fernando de Noronha, transformou um dos principais destinos turísticos do Brasil em um local quase místico, que mexe com o imaginário dos viajantes. Os que ainda não visitaram o arquipélago pernambucano querem, pelo menos uma vez na vida, colocar os pés nas “terras sagradas” para conferir se tamanha fama é verídica. Por sua vez, os felizardos que já curtiram as belezas naturais, a ampla biodiversidade e as águas cristalinas que banham praias de areias douradas certamente dividem um mesmo sentimento: quando poderei voltar? Afinal, se o paraíso é aqui, apaixonar-se por Noronha é inevitável.
Formado por 21 ilhas, sendo que a maior delas batiza o arquipélago, e com apenas 26 quilômetros quadrados, Fernando de Noronha está a 545 quilômetros do Recife (ou a uma hora de voo) e conta com Área de Preservação Ambiental (APA) e Parque Nacional Marinho. Também é considerado Patrimônio Mundial Natural desde 2001 pela Unesco. A temperatura varia pouco durante o ano mantendo a média de 28ºC, o que faz deste um destino ideal para qualquer estação.
Os voos para o arquipélago partem de Recife e Natal, destinos que têm voos diários saindo dos principais aeroportos do país. Só que como tudo em Noronha chega de navio, os preços são salgados mesmo para itens básicos – garrafas de água de 1,5 litro, por exemplo, são vendidas por R$ 8 em média. Alguns restaurantes cobram quase R$ 50 por uma caipirinha e, dada a gastronomia refinada da ilha, os pratos normalmente não saem por menos de R$ 90. Separe pelo menos R$ 200 para um jantar a dois especial – sem bebida.
Consequentemente, a hospedagem é ainda mais cara do que no restante do Nordeste. A estrutura por lá é precária e são poucas as pousadas de luxo, que têm diárias que chegam a R$ 4 mil na alta temporada (como a Pousada Maravilha, do Luciano Huck, no Réveillon). Mesmo aluguéis de quartos em casas de pescadores podem assustar o bolso, custando, na média temporada, cerca de R$ 500 por dia.
Nós passamos o Ano Novo de 2016 para 2017 na ilha e pagamos, com café da manhã, cerca de R$ 1 mil por diária na Pousada Pedras Secas – que está acima da média em comparação com a maioria da pousadas, mas é inferior as de luxo. Um valor que nunca pagamos em nenhum outro lugar do mundo, como Japão, Suíça, Dubai ou Dinamarca (os países mais caros que já visitamos). Por outro lado, nós conseguimos tirar as passagens entre Campinas e Noronha (com escala em Recife), ida e volta, totalmente com pontos, o que balanceou os preços (as passagens nesta época têm preço de voo internacional, passando tranquilamente de R$ 2 mil reais). Em outras épocas, o preço mínimo dela é de R$ 700.
Como foi possível? Nós deixamos para ir no dia 31 de dezembro (quando ninguém quer viajar, e por isso, gastamos pouquíssimos pontos da Azul), em um voo por volta das 8h que chegava em Noronha antes das 13h. E a volta foi no dia 06/01, uma sexta-feira, quando a maioria dos turistas que passaram o Ano Novo já foi embora (ou seja, poucos pontos também). As passagens para outros destinos nacionais e internacionais no mesmo período estavam caríssimas, então compensou.
Mas tivemos sorte. Apesar de ser o Réveillon mais caro do Brasil, as acomodações se esgotam rapidamente, sobrando opções muito simples (sem qualquer estrutura) e ainda assim com valores pesadíssimos.
Conseguimos um quarto faltando pouco menos de três meses para a viagem numa boa pousada (que tem apenas sete quartos) só porque houve desistência. Mas foi ótimo, porque o local é muito agradável, bom café da manhã (e chá da tarde, para quem estiver na pousada perto das 16h, 17h) e excelente atendimento.
Para chegar aos atrativos localizados dentro do Parque Nacional Marinho, o que equivale a 70% de Noronha (ou seja, praticamente tudo), é necessário comprar um ingresso que custa R$ 99 para brasileiros e R$ 198 para estrangeiros, válido por dez dias.
Você compra esse bilhete pelo site parnanoronha.com.br e retira em pontos oficiais em Noronha, ou pode adquirir na ilha mesmo, em alguns quiosques espalhados pelo arquipélago.
Há um bem central na Vila dos Remédios, no local de informações turísticas, que funciona até às 22h. No Porto de Santo Antônio, na Baía do Sancho e no Sueste também há venda, pois são lugares que podem registrar a entrada do visitante.
Há ainda uma taxa diária de preservação, que em 2017 custa R$ 68,74 para um dia. Os valores mudam de acordo com o tempo de permanência – para uma semana, por exemplo, a tarifa é de R$ 437,19. Você pode pagar na hora que desembarca na ilha, mas a fila normalmente é enorme. Por isso, a dica é preencher o formulário pela internet e efetuar o pagamento antes da viagem, assim, ao chegar no arquipélago, basta apresentar o comprovante para ter a entrada liberada.
Para entender, entretanto, quanto custa ir para Noronha, é preciso saber exatamente o que você quer fazer por lá. E nós explicados tudo, tintim por tintim em uma série de posts que você encontra no fim deste texto. Mas para resumir: Mergulhos de cilindro para iniciantes começam em R$ 250 e chegam a R$ 650. Passeios de barco podem sair de R$ 150 a R$ 230. A Trilha do Atalaia, a mais famosa da ilha, custa cerca de R$ 150. O aluguel de Buggy tem, em média, o preço de R$ 250 a diária (mas esse valor sobe para até R$ 600 na alta temporada). E o passeio mais comum de Noronha, o Ilhatur, custa normalmente R$ 165. Fora o que mais você quiser fazer por lá.
Ou seja, o paraíso custa caro e é preciso um baldinho de dinheiro para ficar uma semana lá. A contrapartida é estar em um lugar simplesmente deslumbrante. Organize-se, junte uma grana e visite Noronha.
Agora, veja o que fazer por lá, do básico aos passeios mais elaborados.
Vale a pena fazer o Ilhatur, o passeio mais tradicional de Fernando de Noronha?
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Autores: Fábio Trindade e Tiago Stachetti