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Tudo o que você precisa saber sobre o Rock in Rio 2017 em um bate-papo com Roberto Medina

“Este vai ser o melhor Rock in Rio de todos… bom, depois da primeira edição, obviamente, porque ali foi história pura”, decreta Roberto Medina, idealizador do maior festival do País, e um dos maiores e mais prestigiados do mundo. Claro que ele jamais diria “olha, vai ser bom, mas não tanto quanto 2015, ou 2013, ou 2011”, já que a ideia, sempre e por motivos óbvios, é olhar para frente para evoluir, se aprimorar, crescer ainda mais. Sem contar que o público está cada vez mais exigente e quer ver na edição seguinte, coisas novas e memoráveis.

The Who se apresenta no palco mundo do Rock in Rio 2017 no mesmo dia que Guns N’ Roses

Mas Medina também tem motivos para fazer essa declaração, além, certamente, da vontade de criar ainda mais expectativa no público. Ele finalmente vai realizar um sonho que tem desde a emblemática estreia do Rock in Rio, lá em 1985, ter The Who no line-up. E o presidente do festival fez mais que isso para a edição 2017, que acontece entre os dias 15 a 17 e 21 a 24 de setembro: juntou no mesmo dia, no Palco Mundo, a banda britânica com o Guns N’ Roses.

“Desde que eu comecei, eu queria trazê-los. Mas como empresário, não faz sentido eu ter uma banda cara como eles, com preço de headline, mas que atrai um público muito seleto. Eu sei que eles juntam 20 mil pessoas, mas não o suficiente para o Palco Mundo. Então quis criar um dia histórico, uma vontade minha literalmente desde o início do Rock in Rio”, explica.

O motivo para tamanha vontade é uma só: “eu gosto muito de The Who. Ouvi e ouço muito. Gosto, aliás, de Guns também. Mesmo a gente brigando a vida inteira, a gente também se gosta, porque eles sempre estão no Rock in Rio. Tem hora que acho que vai ser a última vez, mas eles sempre voltam. É uma relação estranha”, brinca Medina.

Roberto Medina, idealizador do Rock in Rio

Só que realizar o sonho de juntar The Who e Guns na programação também tem seu preço. Apesar de não divulgar valores de cachês, por questões contratuais, Medina revela que o dia 23 de setembro, o segundo sábado do Rock in Rio, é o dia mais caro da história do festival.

Para tentar explicar o que isso significa, Roberta Medina, filha do fundador e vice-presidente do Rock in Rio, explicou durante esse mesmo bate-papo que tivemos no escritório oficial do festival, localizado na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, que o custo desta edição está em torno de R$ 185 milhões, sendo “de 40% a 45%, historicamente, só de cachê”. “E este ano os custos aumentaram, mas estamos investindo mais no artístico. Alguns serviços, por conta da crise e da situação do Rio de Janeiro, uma cidade muito mais preparada que nos anos anteriores, estão melhores, como a rede hoteleira. Então os valores caíram. Em contrapartida, decidimos trabalhar mais nas mudanças da Cidade do Rock e principalmente das atrações.”

A penosa tarefa de escalar atrações

A sétima edição do Rock in Rio vai acontecer onde foi montado o Parque Olímpico para os jogos do Rio de Janeiro realizados no ano passado, e a organização afirma que o espaço será o maior em 32 anos de história do festival. O Palco Mundo está bem diversificado, trazendo além dos nomes principais, artistas como Alicia Keys, Def Leppard e Jota Quest, que se apresentam nos dias 17, 21 e 22 de setembro, respectivamente. Nestes dias, os headliners são Justin Timberlake, Aerosmith e Bon Jovi. Os demais headliners são Lady Gaga, Maroon 5, Guns e Red Hot Chili Peppers.

“Este ano está incrível, é difícil escolher um dia”, acrescenta Medina, o pai. “E o interessante é que existem umas 20, 25 bandas no mundo que podem ser headliners num festival. Dez estão de férias, tocam um ano sim outro não. Então é uma tarefa complicada pegar essas bandas importantes e convencê-las a virem ao nosso festival. Por isso eu digo que a primeira edição é histórica, porque até hoje eu não sei exatamente como ela aconteceu. Era algo impossível para a época. Foi uma bênção”, agradece.

The Who, garante o idealizador, era a única pedra que estava no seu caminho quando o assunto é “quem mais ele gostaria de ver no Rock in Rio”. Mas também cita que há nomes importantes que ele gostaria que tivessem passado pelo festival ou ficaria feliz de vê-los em edições futuras, como Madonna e U2. “Dos grandes, faltam esses dois. Rolling Stones já passou, outros já passaram, mas hoje não me importo muito com isso. Segundo o Ibope, 50% do público vão pela banda e 50% pelo evento, e acho que 100% vão para se divertir. Acho que um dia esses dois virão, mas não é algo que povoa os meus sonhos como The Who.”

Por esses motivos, Roberto Medina diz que “quando eu ficar contente com a edição, é porque está acabando o Rock in Rio. Sempre gosto do que estamos fazendo, mas quando acaba, eu detestei, enxerguei um monte de problemas. Sempre dá para melhorar, conseguir uma experiência melhor, porque sempre vamos achar uma forma melhor de fazer, que seja no casting, na entrega, no transporte. Erros novos também vão existir, mas não dá para repetir os anteriores.”, confessa o exigente presidente.

Sobre o legado do festival

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“O meu sonho para o Rock in Rio é que ele se torne cada vez mais um ativo para a área de entretenimento e cultura do Brasil. É um evento mundialmente conhecido e sinto orgulho de ter começado a conduzir esta história, dando espaço para muitas outras pessoas virem ajudar. Mas o setor de turismo é a segunda indústria do mundo e a gente não tem isso no Brasil”, afirma Medina.

Segundo ele, “os números do País são ridículos, tanto que o Equador tem mais investimento que a gente, só para citar um lugar”, e continua para dizer que “um ativo como o Rock in Rio pode representar cada dia mais, além do projeto social que a gente carrega, um impacto econômico extremamente importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Acho isso porque é um dinheiro que o País não pega na mesa internacional e eu gostaria de ajudar a reverter tal situação. O Rock in Rio é um exemplo, assim como o Carnaval e o Réveillon. Esse tipo de coisa, principalmente numa cidade turística como a nossa, deveria ser melhor explorada e não é”, finaliza o idealizador.

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Autor: Fábio Trindade

Fábio Trindade

Jornalista e viajante profissional @fatrindade

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