O olhar é enigmático. Dono daquela estranha capacidade de te acompanhar, não importa de onde você o encare, de qual direção o veja. Mesmo que você esteja em movimento, os olhos te seguem, penetram sua mente de forma profunda, e trazem muitas imaginações, perguntas, curiosidades. O que eles querem dizer? O que já viram? Estão alegres ou tristes? De quem eles são, afinal? Frutos de uma mente extremamente talentosa ou inspirados em alguém real? Tantas perguntas fazem desta obra de arte uma das mais especiais que já existiram.
Claro que ao ler tudo isso, o primeiro quadro que vem à mente é o provavelmente mais famoso do mundo: a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci. E tudo bem achar isso. Todos esses sentimentos descritos funcionam nos dois casos, tanto na obra que decora o Museu do Louvre, em Paris, quanto no quadro em questão aqui: a Moça com Brinco de Pérola.
Não é à toa que a maior obra-prima de Johannes Vermeer, pintada em 1665, é considerada justamente a Mona Lisa holandesa. Mas há importantes diferenças entre os quadros. Para começar, enquanto a Mona Lisa é a representação de alguém real (existem muitas teorias, nenhuma confirmada, mas estudiosos afirmam ser um retrato encomendado a Da Vinci), a Moça com Brinco de Pérola é uma legítima invenção de Vermeer.
As características da pintura, como o tamanho da pérola, bastante exagerado, e as vestimentas, como o turbante, são provas suficientes para os especialistas de que a verdadeira dona do enigmático olhar e sorriso contido só existiu na mente do pintor. O que, de forma alguma, reduz a importância do quadro. Ao contrário, o torna ainda mais misterioso.
Segunda diferença: enquanto a Mona Lisa é uma personalidade bastante ocupada no Louvre, que precisa dar atenção a milhares de visitantes todos os dias, a Moça com Brinco de Pérola está praticamente à sua espera na cidade Haia, na Holanda. Pois é, se ver a primeira é uma missão bastante difícil e tumultuada – e é quase impossível de fazer a famosa selfie com ela (veja o vídeo sobre a visita ao fim deste texto para saber como evitar tal muvuca) –, a segunda é extremamente acessível no Museu Mauritshuis, onde está exposta há mais de um século.
Duvida? Então veja como é a visita no vídeo a seguir:
Saber que uma obra tão importante está em Haia prova como os tradicionais bate-volta a partir de Amsterdam são fundamentais para se ter uma ideia melhor de como é a Holanda. O país tem muito mais a oferecer do que as atrações na capital holandesa e a dica, portanto, é: reserve pelo menos um dia da viagem para conhecer a capital política dos Países Baixos, como Haia é conhecida. Aliás, esse é o nome da cidade em português, mas em inglês é The Hague ou Den Haag em holandês.
A cidade é facilmente alcançada de trem. Ida e volta a partir de Amsterdam sai por € 12.50. Nossa sugestão, entretanto, antes de desembarcar em Haia, é fazer uma parada em Leiden, outra encantadora cidade no meio do caminho. Tudo começa na Amsterdam Centraal Station, onde basta pegar o trem Intercity ou Sprinter para Leiden Centraal. O percurso dura de 35 a 40 minutos.
Chegando em Leiden, siga pela rua Stationsweg, cruze o canal e você já verá uma linda pracinha com um moinho ao fundo. Ele é um museu, chamado Molen de Valk, e custa 4 euros para entrar. Atenção: não abre às segundas-feiras.
Depois, é caminhar pela cidade. Há muitos bares e cafés, além de charmosas vielas e canais. Perca-se por ela até voltar para a estação central e seguir para o principal destino do dia.
HAIA
Na Leiden Centraal, pegue o trem para Den Haag Centraal (por isso é importante saber o nome em holandês da cidade). Em pouco mais de dez minutos você chega lá. Na estação há alguns TRAMs que levam ao centro, mas a caminhada é curta e prazerosa (dura também 10 minutos no máximo).
Aliás, praticamente tudo em Haia se faz a pé também. E o ideal é começar pela praça que se chama Praça. Isso mesmo, Plein em holandês significa praça, por isso existem nomes como Museumplein, Rembrandtplein, Leidseplein. Mas em Haia, essa é só Plein mesmo.
Para chegar nela, há diversas placas pelo caminho e você vai passar por uma rua cheia de lojas de lembrancinhas típicas. A praça é fácil de encontrar, tem uma enorme estátua no centro, do Príncipe de Orange, Guilherme I, e inúmeros bares e restaurantes. Aproveite para fazer um lanche. Nós comemos os famosos bolinhos de carne holandeses (chamados Bitterballen) no Leopold e estavam uma delícia.
Há também muitos prédios do governo, já que Haia é a capital política dos Países Baixos. Tanto que em um dos lados da praça Plein, você vê um enorme portão para entrar no pátio principal do Parlamento holandês. O lugar é passeio obrigatório. Mas antes de visitar o local, é preciso fazer a parada mais importante do dia.
Exatamente no canto oposto ao que você chegou na Plein, e antes de chegar ao Parlamento, é onde está o Museu Mauritshuis. O prédio é a antiga casa de Mauricio de Nassau e mais do que abrigar o quadro holandês mais famoso de todos os tempos, conta com uma segunda obra tão marcante quanto: A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, de Rembrandt. Ou seja, a visita é essencial, mesmo com o preço salgado da entrada: 14 euros (jovens com menos de 19 não pagam).
Atente-se ainda ao segundo andar do prédio, pois há dois quadros que retratam o Brasil: Estudo de Duas Tartarugas Brasileiras e Vista da Ilha de Itamaracá.
Saindo de lá, vire à direita e você estará dentro do Binnenhof, o conjunto de prédios que são as Casas do Parlamento da Holanda. O pátio é lindo e dá para visitar várias partes internas, com tours que começam em 5 euros. Todas as informações podem ser conferidas no ProDemos Visitor Centre.
Saia do pátio e dê a volta no Parlamento para ter uma vista linda do castelo banhado por um lago. Dali, cruze a ponte e siga até chegar na Heulstraat, onde basta virar à esquerda para acessar os jardins do Palácio Real Noordeinde dos Países Baixos.
Afinal, se Haia é a capital política, nada mais natural do que a realeza também ficar na cidade. Uma curiosidade: se você chegar no palácio e vir uma bandeira flamulando, significa que o rei está em casa. Vale lembrar que Guilherme I, aquele da estátua na praça que chama Praça (Plein), foi o primeiro monarca do país, em 1815 – justamente quando o reino dos Países Baixos foi estabelecido. Ou seja, a Holanda é uma monarquia extremamente jovem perto dos países vizinhos.
Apesar desse jardim ser o oficial do palácio, ele funciona como um parque comum. Aqui as pessoas se exercitam, fazem piquenique e, já que estamos na Holanda, não se assuste se encontrar um grupo de jovens fumando maconha.
Caso tenha tempo, pegue o TRAM 1 logo depois de cruzar o lago em frente ao Parlamento e desça em Vredespaleis (Palácio da Paz). O prédio passou a funcionar, depois da Segunda Guerra Mundial, como Tribunal de Justiça da ONU. Aprecie o local e o monumento ao lado da grade: World Peace Flame.
Ao chegar nele, você verá uma placa com indicações sobre um ritual, que consiste basicamente em dar uma volta completa ao redor do monumento, seguindo a marcação no chão, enquanto pede pela paz mundial.
Pegue o TRAM 9 para chegar na Estação Central de Haia e voltar a Amsterdam, certamente feliz por ter conhecido lugares muito diferentes da capital, mas totalmente típicos da Holanda.
E, se quiser saber como visitar a “outra” Mona Lisa, sem ser a holandesa, aqui está a nossa dica. Vale a pena:
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Aproveite e faça também um bate-volta para Zaanse Schans para ver Moinhos de Vento.
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