Se viajar é bom, falar sobre as aventuras vividas mundo afora é ainda melhor. Compartilhar experiências e relembrar momentos inesquecíveis tornam as viagens mais especiais. Principalmente porque ter a oportunidade de explorar diversos países por aí desperta curiosidade nas pessoas e os papos de turismo são sempre muito divertidos.
Tanto que é muito comum, durante qualquer roda de conversa, ouvir as mais curiosas perguntas sobre os passeios. Qual lugar você mais gostou? Dá para se virar sem falar o idioma? Como é a comida lá? Onde você moraria? A Mona Lisa é pequena mesmo? Quem é o povo mais simpático? E, claro, a fatídica pergunta: Tem algum lugar que você detestou?
Para quase todas essas perguntas, sempre há respostas muito simples, mas a última questão era uma que normalmente ficava sem resposta. Nesses quase dez anos viajando por aí, por mais de 30 países, felizmente, e por incrível que pareça, eu ainda não tinha passado por um lugar que dava para falar: não gostei.
Claro que existem cidades ou países mais interessantes, com mais atrações e que encantam de forma mais especial. E são comuns os locais que você conhece, gosta, mas pensa: já deu, não preciso voltar, prefiro conhecer um destino novo. Mas não gostar completamente de um lugar, isso ainda não tinha acontecido… até agora.
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Neste segundo semestre de 2017 fiz duas grandes viagens. E uma completamente diferente da outra. A primeira pela Europa, por países como França, Itália, Espanha, Reino Unido e Holanda (na foto a seguir). E, neles, lugares que fogem bastante do tradicional, como Málaga, Cartagena (ambas espanholas), Cinque Terre (parque nacional com cinco cidades italianas) e Gibraltar (que fica a apenas 13km da África).
A segunda foi pela Florida, nos Estados Unidos, com direito ao maior cruzeiro do mundo no Caribe, passando por lugares como Haiti (como você pode ver na foto), Jamaica e México. E nas duas viagens, surpreendentemente, conheci dois lugares que realmente não gostei – um em cada aventura. E os dois extremamente famosos e turísticos, o que deixou tudo ainda mais estranho.
Portanto, infelizmente, se até junho de 2017 eu não tinha resposta para quem queria saber qual lugar que não tinha sido legal, agora há dois nomes que não hesito em pronunciar caso a pergunta seja feita (e certamente em algum momento será): Nápoles, no sul da Itália, e South Beach, em Miami.
OS MOTIVOS
Tudo o que a gente leu a respeito antes de ir para Nápoles basicamente se resumia em: ou você vai amá-la ou odiá-la, mas é impossível ficar indiferente a esta cidade. Acredite: é verdade, para o bem e para o mal.
O fato é que, na teoria, motivos não faltam para visitar o destino que ficou famoso principalmente pela máfia italiana e por ter inventado a pizza que conhecemos hoje – e consequentemente onde está a melhor pizza do mundo. Falando em comida, além da pizza, o centro de Nápoles também é conhecido pelos muitos cafés e doces típicos (que realmente são incríveis).
Ainda há igrejas esplendorosas (como em toda a Itália), além de fortalezas e vistas lindas para o monte Vesúvio. O Castel Nuovo, de 1279, é incrível, principalmente porque basta sair do porto para dar de cara com ele. É uma ótima recepção para quem chega de barco. Aliás, Nápoles está em um lugar muito estratégico, com embarcações saindo para as principais ilhas da Itália e trens para sítios arqueológicos imperdíveis. E nossa ideia era justamente esta, passar por Nápoles para ir a Capri e, na volta, conhecer Pompeia.
O problema foi no meio disso, nos dias que tiramos para explorar Nápoles. Sim, a gente sabia que a cidade é conhecida pelo caos, com suas muitas ruelas realmente estreitas, apinhadas de gente, decoradas por prédios antigos com varais à vista. E que existem muitos problemas urbanos (como o lixo, comandado ainda pela Máfia, ocasionando pilhas e pilhas pelas ruas), mas que para aproveitar a cidade, o turista precisa embarcar neste clima.
De verdade? Para mim, foi impossível me conectar com o lugar. Todas as coisas legais que nela existem e descritas acima são apagadas pelo clima de insegurança que está POR TODOS OS LADOS. Para começar, ao redor da estação central de Nápoles, onde chegam a maioria dos trens de fora da cidade, o contrabando toma conta.
Mas não se trata apenas de um camelódromo imenso com vendedores te oferecendo bugigangas, celulares, cigarros, drogas e tudo mais. Há mais gente teoricamente sem fazer nada (entenda isso como alguém parado num canto, em grupo, mas sem conversar com os demais membros da rodinha, apenas analisando cada pessoa que passa com uma cara fechada e dando a impressão que vai pular em você) do que comércio em si. A intimidação é inevitável e as pessoas andam trombando com as demais prontas para arrumar alguma confusão proposital.
Além disso, me desculpem os tradicionalistas, mas a cidade é feia. As tais ruelas típicas do centro histórico são asquerosas, sujas, fedidas e, novamente, com pessoas paradas em cada esquina – normalmente imigrantes – seguindo os turistas com os olhos (ou literalmente mesmo, aumentando ainda mais a sensação de medo ao caminhar por ali). E o lixo? Pilhas e pilhas, por todos os lados, com direito a ratinhos.
A Itália está no meu TOP 3 de países favoritos no mundo. Mas não escondo que às vezes os italianos são grosseiros e mal-educados. E em Nápoles a situação parece piorar ainda mais. Atendimento precário (naquele estilo o vendedor está te fazendo um favor) da barraquinha simples ao restaurante requintado.
O museu de Nápoles é fenomenal e vale a visita, já que a maioria das relíquias de Pompeia está lá. E não tive tempo de visitar a Nápoles Subterrânea (sim, há uma cidade descoberta embaixo da atual, com milhares de anos), que dizem ser incrível. O que me faz pensar: Quem sabe esse passeio poderia ter mudado esta visão. Bom, provavelmente não saberei nunca, pois a intenção de voltar para esta cidade é zero.
SEGUNDA INFELIZ SURPRESA
Apesar de ser o destino favorito dos brasileiros, só fui conhecer Miami em outubro deste ano. E, já que este encontro demorou tanto para acontecer, quis ficar na área mais popular da cidade – ou seja, em Miami Beach. Mais do que isso, a ideia era me hospedar na região mais conhecida e procurada de Miami Beach: a famosa South Beach. Vamos melhorar ainda mais? Pegamos um hotel em frente ao Lummus Park, onde está, segundo muitos, a MELHOR PRAIA de Miami.
É sério, joga no google “melhores praias de Miami” e quase todas as listas vão te dizer o mesmo em relação ao primeiro lugar: South Beach, mais especificamente na parte onde está o Lummus Park. É assim que normalmente está escrito: “É o lugar mais movimentado, com gente bonita e animação de Miami.”
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Pois é justamente neste lugar que, se depender de mim, não coloco mais os pés. Pelo menos não aos finais de semana. Nós chegamos em Miami em pleno sábado e como nos hospedamos num “ótimo” lugar, os planos eram: correr para a tal praia maravilhosa para passar a tarde e, depois, à noite, circular e jantar pela Ocean Drive, a avenida mais popular de Miami.
Foi o que fizemos. Porém, bastou chegar na praia para ver que as descrições das “listas do Google” não batiam muito com a realidade. Para começar, ela não é tão bonita. E não menosprezando as praias brasileiras, longe disso, mas a farofada em South Beach num sábado à tarde é pior que Copacabana num domingo de 40 graus e Praia Grande em feriado prolongado.
Pior porque nunca tinha visto tanta vulgaridade e baixaria em uma praia como vi em South Beach. Claro que não estou falando de nada explícito – apesar que tinha até gente tirando foto na famosa posição “de quatro” por ali. Sabe quando você está na areia onde as ondas acabam, molhando no máximo até o joelho e depois o mar se recolhe, até vir a próxima onda? Bem ali, algumas criaturas ficavam tirando as belas fotos “de quatro”. Aliás, pedindo para pessoas desconhecidas tirarem as fotos (quase como uma técnica de conquista, digamos assim).
Nem preciso falar que cada grupinho tinha a sua própria “caixinha” de som, com música alta, com direito a muita cantoria e gritos, gritos e mais gritos. Mas tudo bem, até aí, a única coisa que pensava era: se essa é a praia mais bonita, então precisam criar outro adjetivo para a Baía do Sancho em Fernando de Noronha, por exemplo. Mas só.
O problema maior (problema mesmo) foi na Ocean Drive, uma rua muito mal frequentada e perigosa, com gente oferecendo cocaína a cada esquina (literalmente). Sim, cocaína, descaradamente, o tempo todo. Sem contar que nem no Red Light District de Amsterdam vi tanta gente vulgar, seja pelas roupas ou pelas atitudes, se oferecendo pelas ruas.
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E aqui foi a primeira vez que senti medo ao andar por uma rua famosa – e se você acha que estou exagerando, então toma aqui: mataram uma mulher a uma quadra do hotel que estávamos e a rua ficou fechada a noite toda. Isso porque só descobrimos o que tinha ocorrido no dia seguinte, conversando com um americano local.
Claro que desconfiamos que algo muito sério tinha acontecido porque, quando voltamos para o hotel, havia 17 viaturas policiais fechando uma quadra inteira. E estou falando de meia-noite, uma da manhã no máximo.
Encontramos uma brasileira que mora em South Beach no nosso caminho pela Ocean Drive e falamos dessa péssima primeira impressão. Ela disse: “Realmente aqui mudou muito e não é mais seguro. Mas hoje está bem tranquilo, o problema é quando eles fecham toda a área porque está tendo briga entre gangues rivais. Aí você tem que mostrar um monte de coisa para justificar porque quer passar pelo bloqueio”.
Assassinato? Guerra entre gangues? Tráfico? Tô fora. Se a sua praia é esta “loucura” de South Beach, boa sorte. Não é a minha.
PS: Tudo isso é exclusivamente sobre South Beach e no sábado. Na segunda e na terça o clima era outro. E nos demais dias em Miami adoramos tudo o que conhecemos fora dali, principalmente North Beach e a Ilha Key Biscayne (onde realmente estão as praias bonitas).
MENÇÕES (DES)HONROSAS
Há alguns anos, não gostei nem um pouco de Valparaiso, no Chile. A famosa cidade, muito indicada para um bate-volta a partir de Santiago ou Viña del Mar, deixou a desejar. Achei feia, suja, desinteressante e uma perda de tempo, já que o Chile tem milhares de lugares mais legais para visitar.
PORÉM, CONTUDO, ENTRETANTO, existe um bom motivo para a cidade nunca ter entrado na lista dos lugares que odiei e jamais indicaria: a casa La Sebastiana de Pablo Neruda. O escritor deixou três casas que hoje são museus (as outras duas são a La Chascona, em Santiago, e em Isla Negra, na costa de El Quisco). E visitá-las foi incrível – e o fato de conhecer as três deixa tudo ainda mais emocionante, porque elas se conectam de certa forma.
Ou seja, exclusivamente por este motivo, a casa de Neruda, eu tenho boas lembranças de Valparaiso. A visita realmente foi muito boa. Se você também tem interesse em conhecer em detalhes a vida e obra de Neruda, então a cidade é parada obrigatória. Caso contrário, este é o terceiro lugar que, em dez anos viajando, eu riscaria da lista.
CIDADE LIVRE?
Para encerrar, em 2014 realizei um dos grandes sonhos que tinha: conhecer a Escandinávia. Os países nórdicos permeiam o imaginário dos turistas por conta da excelente qualidade de vida, paisagens deslumbrantes (e únicas) e simpatia e educação do seu povo. E depois de passar por Dinamarca, Suécia, Finlândia… realmente você percebe que ali é o mundo que deu certo.
Mas durante os dias que fiquei em Copenhagen, a capital da Dinamarca, um lugar em si não foi legal: a mundialmente conhecida Christiania. A comunidade independente – conhecida como a Cidade Livre – é um território bem no centro de Copenhagen fundado em 1971, em uma base militar abandonada, basicamente por hippies e artistas.
E como o lugar se declarou independente da Dinamarca e da União Europeia, ele possui legislação própria, ou melhor, não segue a legislação dos demais países, tendo como principal característica o uso livre de drogas – que são vendidas 24h por dia em tendas montadas por todos os lados.
Eu esperava um lugar alegre, com muita arte, música, boa comida, etc. Mas basicamente é ponto de encontro para usar as substâncias que você bem entende (teoricamente, apenas ervas são liberadas, mas se vê de tudo). Pessoas caídas, desacordadas, bêbadas e vomitando são comuns.
Os restaurantes são bons (e com preços mais acessíveis que em Copenhagen), e a paisagem para o lago é muito bonita. Mas só. Christiania é um lugar que eu passo. Porém, como Copenhagen é uma das cidades mais FANTÁSTICAS que já pisei, com uma população extremamente cordial, é claro que isso não afetou a viagem.
E aí, concordam com a lista? Deixe o seu comentário com os lugares que também não curtiu.
E como dito, Nápoles fica do lado de Pompeia e este sim é um passeio INESQUECÍVEL. Confira!
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Muito bom esse relato. Olhar de turistas profissionais e sinceros. Desses quatro destinos, só conheci Valparaíso, mas de fato o que salva o tour é passar por Viña. Mesmo assim, fico com Santiago mesmo.
Chocada com South Beach… Não consigo nem descrever o sentimento. E Nápoles… meu Deus.
Obrigada pelas dicas.
Amo quando um viajante conta de forma sincera suas experiências.
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