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A MELHOR VISTA DE CAPRI E O TELEFÉRICO QUE TE LEVA AO PARAÍSO | ITÁLIA | Viaje Por Conta

Poucos países têm tanta história para contar e influência na sociedade global quanto a Itália. Um dos berços da civilização; terra de muitos dos maiores artistas e intelectuais que já existiram; responsável pela culinária mais copiada mundo afora; matriz da maior e mais poderosa religião do planeta; isso sem falar dos inigualáveis patrimônios históricos e culturais ou de algumas das mais impressionantes cidades do planeta, justamente por tudo isso citado, como Roma, Florença e Veneza.

É tanta cultura e história saltando aos olhos que, muitas vezes, outros atributos italianos acabam ficando de lado. As marcantes belezas naturais que decoram o país em formato de bota, por exemplo, podem não receber a devida atenção de alguns viajantes. Mas, se hoje em dia, grande parte dos turistas se lembra da Itália por seus monumentos e influência histórica, saiba que as paisagens arrebatadoras do país têm força desde a época dos imperadores romanos – que sabiam muito bem o que tinham nas mãos.

Prova disso é a ilha de Capri, uma das maiores preciosidades da Itália desde a antiguidade. Essa joia no Mediterrâneo era o refúgio de muitos imperadores durante as férias – ou mesmo quando eles queriam se esconder. Para se ter ideia, Capri ganhou importância política justamente com Otaviano – que futuramente seria proclamado Augusto, o fundador do Império Romano – quando ele desembarcou na ilha em 29 a.C. e ficou completamente extasiado com tamanha beleza.

Quer mais? Sucessor de Augusto, o imperador Tibério se mudou para Capri em 23 d.C, onde ficou por mais de 10 anos. Dali ele administrava o reino, principalmente delegando responsabilidades enquanto curtia a vida em Capri. Foi nessa época que Tibério nomeou Pôncio Pilatos o governador da província da Judeia e Jesus Cristo foi crucificado. As ruínas de uma das casas de Tibério podem ser visitadas na ilha até hoje.

AZUL É A COR MAIS QUENTE

Mas se o assunto são as belezas naturais da Itália, as ruínas ou mesmo a estátua de Augusto não são as responsáveis por tornar Capri em um dos destinos mais cobiçados do planeta. As privilegiadas formações rochosas da ilha, graças ao passado vulcânico, são o trunfo deste paraíso. Belezas encabeçadas pela famosa Grotta Azzurra – ou Blue Grotto, ou apenas Gruta Azul.

Aliás, grutas azuis existem aos montes por aí. No Brasil mesmo, temos várias, como a incomparável Gruta Azul de Bonito, no Mato Grosso do Sul. Mas nenhuma leva a fama da Grotta Azzurra de Capri. Místico, quase como um conto de fadas, o local é uma cavidade natural com 60 metros de comprimento e 25 de largura acessada por uma pequena fresta de apenas 1 metro de altura. Ou seja, um achado.

A forte cor azul na água que conquistou o mundo é resultado de um complexo fenômeno causado pela luz do sol que entra por uma janela localizada sob a água, embaixo da pequena entrada. O tamanho e o formato do espaço fazem a abertura absorver o vermelho e deixar passar apenas o azul, deixando o mar no interior da gruta um espetáculo de encher os olhos.

Aqui é possível ver como é a formação da gruta. Há uma pequena entrada no canto superior e uma enorme abertura embaixo, dentro da água

Como a entrada para a gruta é minúscula, ela é acessada apenas por barquinhos a remo. Os turistas chegam no local normalmente pelos passeios de barcos feitos ao redor da ilha (tanto particulares, quanto barcos públicos, que explicaremos a seguir). Mas até de carro, ônibus e a pé dá para ter acesso à gruta.

Os barquinhos fazem fila na porta da Grotta Azzurra. Ao entrar, o turista precisa praticamente deitar na pequena embarcação para não bater a cabeça, passar pela fresta e se levantar dentro da gruta. Outros barquinhos estarão lá dentro seguindo um caminho em círculo. Assim, cada um dá uma volta dentro da formação e sai para outro entrar.

A questão é: Esse percurso leva em média 5 minutos (podendo, raramente, quando não há muito movimento, chegar a 10 minutos). E essa volta custa € 14, cerca de R$ 60 (fora a gorjeta que os barqueiros sempre pedem).

Embarcações em frente à entrada da Grotta Azzurra. Tanto passeios particulares quanto públicos param aqui para os turistas trocarem para os barcos a remo e entrarem na gruta (na lateral direita)

De acordo com o site oficial da ilha – a Grotta Azzurra é administrada pelo poder público – por ser um patrimônio cultural, o preço do bilhete equivale a uma entrada de museu. Mas o pouco tempo dentro dela e o preço elevado fazem muitos turistas considerarem a visita decepcionante. Não pela beleza da gruta, claro, mas pelo conjunto.

Exatamente por isso, tem se tornado muito comum um passeio alternativo na Grotta Azzurra. A forma como os locais sempre aproveitaram da beleza da gruta agora virou um refúgio também para os turistas que querem conhecer melhor o interior desta obra-prima natural. Por se tratar de um serviço público, no fim da tarde os barcos a remo param de circular, normalmente às 17h30. Mas ao contrário de museus, não tem como fechar uma gruta. Então, depois deste horário, as pessoas simplesmente mergulham nela e ficam ali o tempo que quiserem.

Nós testamos essa alternativa e você pode conferir como é o passeio preferido dos locais, e as belezas deste lugar único, no nosso primeiro vlog de Capri:

A Grotta Azzurra fica em Anacapri. Só para entender, apesar de a Ilha de Capri ser pequena, ela é dividida em duas minicidades: uma que leva o nome da ilha, ou seja, Capri (na parte mais baixa), e a outra é Anacapri – na região alta, aos pés do Monte Solaro. A ilha é pequena, mas os acessos são complicados, já que há variadas formações rochosas e grandes depressões.

UMA ILHA COM DUAS CARAS

Apesar de tudo ser próximo, Capri e Anacapri são muito diferentes entre si. As cidades são interligadas por ruas realmente estreitas.

Toda a agitação, lojas de grife, restaurantes e bares badalados e, consequentemente, os preços mais elevados, estão em Capri. Por outro lado, o centro histórico, as principais trilhas para caminhada, a tranquilidade e, como se não bastasse, a maioria das atrações turísticas da ilha estão em Anacapri. Assim como os preços mais em conta – o que pode fazer a diferença no orçamento, já que uma viagem a Capri não é muito barata.

Nós ficamos em Anacapri não apenas por isso, mas também pela facilidade em acessar os pontos turísticos em que mais tínhamos interesse. Além da Grotta Azzurra, que poderíamos chegar em uma caminhada espetacular de menos de 20 minutos – ou em 5 minutos de ônibus a partir do hotel –, há a Villa San Michele, que é o bucólico e belo centro histórico da ilha (imperdível) e de onde se acessa o ponto mais alto da região: o Monte Solaro.

Um teleférico individual – por si só um passeio que deve constar em qualquer roteiro – leva ao topo do monte, de onde se tem o melhor panorama de Capri (dá para ver a ilha inteira) e uma das mais belas vistas que você presenciará na vida. A 589 metros acima do nível do mar, daqui se tem noção da transparência e da beleza da água: dá para ver o fundo do mar, em pontos com 20 metros de profundidade, do alto do monte.

Quer saber como é este passeio e a vista? Então confira o nosso segundo Vlog em Capri aqui:

Hospedar-se em um bom hotel em Capri também pode transformar a viagem. Em muitos lugares (na maioria), para nós os hotéis servem basicamente para dormir. Por isso, sempre buscamos algo prático, com valor acessível e boa localização. No caso de uma ilha paradisíaca, a situação é diferente. Afinal, não é todo dia que é possível acordar, tomar café da manhã e assistir ao pôr do sol da sacada do quarto com uma vista privilegiada do Mediterrâneo.

É importante dizer também que o pôr do sol em Capri é um dos mais marcantes que já presenciamos em todos esses anos de viagens. Veja se você concorda:

Mas presenciar este espetáculo é algo feito por poucos. Isso porque a grande massa de turistas escolhe apenas passar um dia em Capri, fazer o famoso bate-volta, principalmente a partir de Nápoles ou Sorrento. Ou seja, pega um barco bem cedo e retorna no final da tarde. E também há o público que chega com os cruzeiros para passar o dia. Só que no verão, a melhor época para visitar a ilha, o sol se põe depois das 20h, hora que as cidades (tanto Capri quanto Anacapri) já estão vazias.

Pois é exatamente neste momento que a ilha fica ainda mais especial. Caminhar tranquilamente pelas ruelas que antes estavam apinhadas de gente, escolher um restaurante com calma e circular pelas lojas (ou de grife ou de lembrancinhas, vai do seu interesse) são a melhor forma de realmente vivenciar o paraíso.

O SÍMBOLO DO PARAÍSO

De qualquer forma, se hospedando em Capri ou não, existe um passeio obrigatório no roteiro: um tour de barco ao redor da ilha. Normalmente, quem faz o bate-volta começa o dia exatamente com essa opção. Afinal, os barcos que partem de Nápoles e Sorrento chegam na Marina Grande (o porto principal, no centro da ilha), e é daqui também que saem os passeios marítimos. Assim, dá para ter um panorama geral de Capri e conhecer os demais pontos depois.

Existem duas formas principais de fazer o tour de barco. A primeira é com as embarcações públicas, com ticket a € 18 (cerca de 75 reais), ou com barcos privativos que comportam até sete pessoas. Os preços, nesse caso, começam em € 160 pelo barco (e você divide pelo tamanho do seu grupo).

Se for possível, escolha o passeio privativo. A diferença é brutal. Dá para negociar o valor, o tempo de tour (nós fizemos a volta em 2h40, por um total de € 200) e por onde quer começar. O barqueiro também é um guia e explica todas as curiosidades e pontos turísticos da ilha, e o conforto de estar em apenas 4 pessoas na lancha (no nosso caso) é delicioso.

O fato é que toda a ilha é fenomenal. Mesmo assim, há pontos altos no passeio de barco que merecem atenção. A começar pelos picos Faraglioni. São 3 formações rochosas, uma delas na margem da ilha (chamada Stella) e as outras duas no meio do mar, que se tornaram o símbolo de Capri. Parte disso por conta da rocha do meio, chamada de Faraglione di Mezzo, por ter um buraco, uma espécie de arco, bem no centro dela, deixando a rocha com um visual único. O terceiro pico leva o nome de Scopolo (ou Faraglione di Fuori).

Momento em que atravessamos o buraco do Faraglione di Mezzo, o maior símbolo de Capri

Como visto na foto acima, os barcos passam pelo buraco do Faraglione di Mezzo e, como em todo ponto turístico famoso, há uma lenda. O casal que se beijar enquanto se passa pelo arco ficará junto por toda a eternidade. Sendo verdade ou não, atravessar a rocha é algo emblemático e muito divertido. Confira como é o passeio de barco e os principais pontos a serem vistos, como o belíssimo Farol di Punta Carena e a Grotta Verde, no terceiro vlog de Capri:

As rochas são tão famosas que a praia mais badalada de Capri (não apenas da cidade, mas também da ilha de Capri) é a Marina Piccola. O motivo: ela fica em frente aos picos Faraglioni. Aqui também estão os Beach Clubs mais populares (e com praias privativas). Paga-se para entrar, normalmente dando direito a uma espreguiçadeira (em média € 20, sem o guarda-sol, cobrado à parte).

Para chegar na Marina Piccola a partir da Marina Grande, a melhor forma é pelo funicular que leva ao centro da cidade de Capri – no alto de uma montanha, de onde se tem uma vista linda da região. De lá, dá para descer a pé por diversas escadarias deixadas pelos gregos em Capri antes do domínio romano. Elas cortam todo o morro e dão direto na praia. Ou mesmo pegar um ônibus.

A pedida é terminar o dia aqui para, depois, retornar ao centro de Capri para um jantar especial. Essa é a única parte da ilha que realmente fica cheia à noite. É um centro pequeno, mas muito agradável e com o maior número de estabelecimentos. Os preços aqui, porém, são bem mais elevados que os praticados no centro de Anacapri (também um lugar muito gostoso, mas bem menos movimentado). O ideal, portanto, é ficar pelo menos duas noites na ilha e conhecer as duas regiões. Até porque, tempo sobrando no paraíso não faz mal a ninguém.

Essa é a vista do centro de Capri assim que o sol se põe, deixando o céu com esse tom encantador. Região é famosa pelas lojas e restaurantes e é a mais movimentada à noite

 

SERVIÇO

Como chegar em Capri

Há diversos horários de barcos saindo tanto de Nápoles quanto de Sorrento. Dá para consultar pelo site www.snavi.it. O tempo de percurso pode variar, mas dura em média 50 minutos a partir de Nápoles e 30 minutos de Sorrento. O bilhete não é barato. Pagamos € 22,50 a partir do porto de Nápoles, mais uma taxa de € 2,10 por mala.

Quando ir

Para aproveitar tudo o que Capri tem a oferecer, o ideal é visitar a ilha nos meses mais quentes, de abril a setembro. Além de quase todas as atrações envolverem água, a maioria dos lugares (inclusive hotéis) não funciona no outono e no inverno.

Onde ficar

Em Anacapri (parte mais alta da ilha, ou seja, com as melhores vistas e preços mais convidativos)

  • Hotel Il Paradiso di Capri (Via la Guardia, 59, Anacapri, Itália – Fone: +39 081 837 3412)
Vista da varanda onde é servido o café da manhã no Il Paradiso di Capri

Em Capri (principais lojas e restaurantes, além de concentrar a agitação da ilha e estar próximo da Marina Piccola)

  • Pousada Fuorlovado 40 (Via Fuorlovado, 40, 80073 Capri NA, Itália – Fone: +39 346 648 7195)

Em Marina Grande (a porta de entrada da ilha, na divisa entre Capri e Anacapri, de onde chegam e saem os barcos, além de contar com uma bela praia pública):

  • Hotel Relais Maresca (Via Marina Grande, 284, 80076 Capri NA, Itália – Fone: +39 081 837 9619)

Onde comer

  • Sciue’ Sciue’ Ristorante (Via Giuseppe Orlandi, 73, Anacapri)

Provamos o Gnocchi alla bolognese (€ 10) e o Gnocchi alla caprese (€ 10)

  • Barbarossa Ristorante Pizzeria (Piazza dela Vittoria, 5, Anacapri)

Fica no centro de Anacapri, ao lado do teleférico. Os raviólis al pesto e ao sugo estavam divinos (média dos pratos de € 10)

  • Caffe Michelangelo (Via Trieste e Trento, 1, Anacapri)

Apesar de diversos pratos, fomos mesmo nas pizzas. Deliciosas, com preços entre € 8 e € 15

  • Ristorante Isidoro (Via Roma, 19, Capri)

No coração da cidade de Capri, com uma vista linda do segundo andar, comemos aqui algo que nunca tínhamos nem visto: pizza de batata (chamada Contadina, € 13). Estava ótima.

 

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Autores: Fábio Trindade e Tiago Stachetti

Fábio Trindade

Jornalista e viajante profissional @fatrindade

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