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Exuberância e ostentação definem o Hermitage, o museu da Rússia que supera até as suas obras de arte

Se você acha que o Louvre, em Paris, é o museu mais deslumbrante que existe por aí, ou talvez sinta que a Capela Sistina e Museu do Vaticano são os mais emblemáticos, bom, espere até conhecer o Hermitage, em São Petersburgo. O imenso complexo com dez prédios, localizado às margens do rio Neva, no Mar Báltico, reúne tudo o que os melhores museus do mundo têm por aí, só que num mesmo lugar. Ou seja, ele representa perfeitamente a tão sonhada guinada que Pedro, o Grande, queria dar na Rússia no passado numa busca por aproximação com o Ocidente. Deu certo.

Entrada do Hermitage. Palácio de Inverno, antiga residência dos czares, é o prédio mais importante do complexo

Fundado em 1764, sendo parte dos prédios transformada em museu em 1852, o Hermitage tem como construção principal o impressionante Palácio de Inverno, antiga residência dos czares. O que, por si só, coloca a construção no mesmo patamar que qualquer palácio espalhado pelo mundo. Só que o Hermitage foi além, começou a crescer como museu, primeiro com a coleção de pinturas holandesas e flamengas da Imperatriz Catarina, a Grande, até o acervo ser ampliado ao longo de mais de dois séculos para, atualmente, ter mais de três milhões de itens, praticamente de todas as épocas e continentes.

Vai de múmias egípcias a pinturas impressionistas e obras extremamente relevantes dos maiores artistas que já existiram. Claro que isso nem precisa dizer, já que como todo grande museu – e o Hermitage abriga uma das maiores coleções de arte do mundo –, seria impossível não ter obras dos mais renomados pintores e escultores do mundo. Mas vamos voltar um pouquinho ao fato dos prédios terem sido residência dos czares. O grande diferencial quando o assunto é o Hermitage é: além da sua vasta e riquíssima coleção, que obrigatoriamente já valeria uma visita, o local, de uma forma única, deixa qualquer um estarrecido com seu luxo e preciosismo.

Reserve cerca de três a quatro horas, pelo menos, para visitar o Hermitage
Suntuosidade do museu russo é um atrativo à parte. Por isso, olhos para todos os lados e deslumbre-se
Trono no Palácio do Inverno do Hermitage

As construções são tão suntuosas, interna e externamente, que acabam ofuscando, muitas vezes, até mesmo os itens expostos. É um local poderoso e imponente, e nem o fervoroso movimento de turistas é capaz de diminuir o prazer do passeio. Sim, ele é cheio (lotado), mas nada muito diferente do que é encontrado nos principais museus do mundo. Mas também não é igual ao acotovelamento que precisamos enfrentar para ver a Mona Lisa no Louvre, por exemplo.

Tudo isso para dizer que não é a para se preocupar se você estiver olhando para o teto e suas folhas de ouro, ou para as enormes escadarias de mármore, ou para os inúmeros detalhes da decoração, esquecendo um pouco das obras em si. Você não será o único e a impressão é que os visitantes tiram mais fotos do palácio e seus exageros do que dos quadros, esculturas, etc.

O que ver:
Obviamente, para não perder o que de melhor o museu tem para oferecer, é importante se atentar para algumas obras. E aqui vão algumas dicas do que você não pode deixar de ver.

Os especialistas apontam (e os folhetos do museu também) que a Mona Lisa do Hermitage é o Menino Agachado (Crouching Boy) de Michelangelo. A escultura  em mármore inacabada de um menino nu agachado é uma obra de arte única – literalmente. Trata-se do único trabalho do escultor e pintor renascentista no Hermitage. E assim como a Mona Lisa, é uma escultura pequena, mas que atrai multidões.

The Litta Madonna, de Leonardo Da Vinci

Outra preciosidade do museu é a quadro Madonna e a Criança (The Litta Madonna), de Leonardo Da Vinci. O trabalho é de meados de 1490 e foi adquirido pelo Hermitage em 1865, da coleção do conde Antonio Litta, de Milão. Admire com atenção. O momento é único.

Como é impossível desviar o olhar da beleza do palácio, visite a Sala de Malaquitas (Malachite Room), considerada a mais bonita do Hermitage. O ambiente é, desculpem-nos a repetição de adjetivos, espetacular e cheio de contrates, todo cravejado em ouro, contrastando com as cortinas vermelhas aveludadas e o verde dos ornamentos em malaquitas. Surreal.

A famosa Sala de Malaquitas (Malachite Room) do Hermitage. Local é um show de contrastes, principalmente entre o dourado do ouro e o verde das malaquitas. Detalhes do salão podem ser vistos nas fotos acima e ao lado

 

E quem gostar deste ambiente vai se encantar ainda mais com o Vaso Kolyvan. Ele pesa 19.2 toneladas e é considerado uma obra-prima do artesanato, pois é a maior peça única da pedra preciosa Jaspe (Jasper, em inglês).

Vaso Kolyvan é uma obra de arte considerada preciosa pelo trabalho, tamanho e qualidade

Mas uma peça extremamente importante – e curiosa – do Hermitage é o Relógio de Pavão (Peacock Clock). É um relógio composto por um pavão, um galo e uma coruja, todos de ouro. Foi desenhado pelo famoso ourives e joalheiro inglês James Cox (1723–1800) e fica exposto atrás de vidros.

Pavão, galo e coruja formam este relógio de ouro exposto no Hermitage

Para fechar, a escadaria principal do Hermitage. Lembra que falamos que o prédio chama mais a atenção do que as obras? Esta escadaria tem papel importante nisso, tanto que é tida como uma das atrações principais do museu. Colunas de granito, esculturas clássicas, balaustradas de mármore, ouro, muito ouro, entre outras coisas, explica o por quê. Duvida? Veja nas fotos no fim do texto.

Programa-se
Atente-se, porém, às filas para a compra de ingressos porque elas são gigantescas. Dá para adquirir a entrada antecipadamente pelo site oficial do museu (com exceção de estudantes). Tire pelo menos quatro horas para a visita. Se tiver tempo, reserve um dia inteiro no local – há o que ver, acredite. Tanto que o Hermitage é o ponto alto dessa cidade surpreendente chamada São Petersburgo, que inclusive foi a capital do Império Russo por muito tempo, entre os anos de 1713 e 1728 e entre 1732 e 1918.

No que se refere ao território, é considerada a quarta maior cidade da Europa. E uma curiosidade é que a São Petersburgo já teve outros nomes: Petrograd entre 1914 e 1924; e Leningrado, de 1924 a 1991. Hoje, muitos a chamam apenas Piter. Após a Revolução Russa, São Petersburgo deixou de ser a capital do país, sendo substituída por Moscou.

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Autores: Fábio Trindade e Tiago Stachetti

Fábio Trindade

Jornalista e viajante profissional @fatrindade

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